segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

POEMAS MEUS

NO "POEIRA"

Ah! bandidos e mocinhos,

seriados da infância!

Ah! meus lindos amiguinhos

que ficaram na distância.

Que ficaram na distância

da minha vida pura e bela.

anseios da minha infância,

ah! não volto mais a ela!

Ah! não volto mais a ela.

linda fase que passou,

tão pura e tão singela,

o que dela me ficou?

O que dela me ficou:

o faroeste da vida;

o seriado acabou,

hoje é outra minha lida.

Hoje é outra minha lida

sem toda aquela esperança,

não tem mocinha querida

com espírito de criança.

Com espírito de criança

relembro aqueles "balões",

no "saloon" aquela dança

da briga dos valentões.

Da briga dos valentões

emergia um final.

alegres os corações:

vencia o bem contra o mal.

Vencia o bem contra o mal,

era exemplo e lição.

o mocinho triunfal

ninguém derrotava não.

Ninguém derrotava não

do mocinho a jactância

que prendia o vilão.

Essa era minha ânsia

Essa era a minha ânsia

da vida mais pura e bela,

anseios da minha infância,

ah! não volto mais a ela...

MENSAGEM FINAL

Vergastadas rompendo carnes

No rito cruel do ódio

São agulhas perfurantes

Lancinantes dores cruas

Desta vida que eu vivo

Sem cuidados, nem amores...

Se a vida é sofrimento

Se a morte é o resultado

Desse viver melancólico

Que morra a humanidade

E carregue minha alma

Para o nada que ela é

Deixando riscos na aurora

Fragmentos no pó da terra

Sentimentos nas páginas belas

E todo o ódio do mundo

Nos rotos dentes dos ratos

Dos quais sou melhor repasto

Se a vida me abandonou.

De onde estou eu remeto

A derradeira mensagem

Intransmissível em palavras

Incompreensível em gestos

Vazia, no caos profundo

No fim de tudo e de todos.

PLANTÃO PERMANENTE

Quem se incomoda com o morro

E sua gente arquivada

Nas gavetas piramidais

Que arranham nuvens cinzentas?

Que sentimentos humanos,

Que almas despreparadas

Para a vida e para a morte

Vivem nos catres de lodo?

As sarjetas luminam o céu

E trazem a lua ao esgoto

Que reflete nossa alma

E todos os perdigotos

Com sua halitosidade,

Abandonando a boca

De dentes que são cloacas.

Nos corpos amontoados

nos barracos de lata e lixo

existem almas e vidas

cercadas de esperanças,

de balas de chumbo e ódio,

de bandidos impiedosos,

de mães que parem seus filhos

em puberdades sofridas,

homens deitados em bares

bebendo insensatez,

crianças rasgadas de vida

nos farrapos da má sorte.

Escolas ameaçadas

Alunos devoradores

Das merendas da caridade.

Nas casas a cesta básica

Mercadoria que compra

A cachaça e a maconha.

Salário isso e aquilo

Projetos, promessas vãs

Formam o caldeirão

Do que melhor alimenta

O político de plantão.

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