NO "POEIRA"
Ah! bandidos e mocinhos,
seriados da infância!
Ah! meus lindos amiguinhos
que ficaram na distância.
Que ficaram na distância
da minha vida pura e bela.
anseios da minha infância,
ah! não volto mais a ela!
Ah! não volto mais a ela.
linda fase que passou,
tão pura e tão singela,
o que dela me ficou?
O que dela me ficou:
o faroeste da vida;
o seriado acabou,
hoje é outra minha lida.
Hoje é outra minha lida
sem toda aquela esperança,
não tem mocinha querida
com espírito de criança.
Com espírito de criança
relembro aqueles "balões",
no "saloon" aquela dança
da briga dos valentões.
Da briga dos valentões
emergia um final.
alegres os corações:
vencia o bem contra o mal.
Vencia o bem contra o mal,
era exemplo e lição.
o mocinho triunfal
ninguém derrotava não.
Ninguém derrotava não
do mocinho a jactância
que prendia o vilão.
Essa era minha ânsia
Essa era a minha ânsia
da vida mais pura e bela,
anseios da minha infância,
ah! não volto mais a ela...
MENSAGEM FINAL
Vergastadas rompendo carnes
No rito cruel do ódio
São agulhas perfurantes
Lancinantes dores cruas
Desta vida que eu vivo
Sem cuidados, nem amores...
Se a vida é sofrimento
Se a morte é o resultado
Desse viver melancólico
Que morra a humanidade
E carregue minha alma
Para o nada que ela é
Deixando riscos na aurora
Fragmentos no pó da terra
Sentimentos nas páginas belas
E todo o ódio do mundo
Nos rotos dentes dos ratos
Dos quais sou melhor repasto
Se a vida me abandonou.
De onde estou eu remeto
A derradeira mensagem
Intransmissível em palavras
Incompreensível em gestos
Vazia, no caos profundo
No fim de tudo e de todos.
PLANTÃO PERMANENTE
Quem se incomoda com o morro
E sua gente arquivada
Nas gavetas piramidais
Que arranham nuvens cinzentas?
Que sentimentos humanos,
Que almas despreparadas
Para a vida e para a morte
Vivem nos catres de lodo?
As sarjetas luminam o céu
E trazem a lua ao esgoto
Que reflete nossa alma
E todos os perdigotos
Com sua halitosidade,
Abandonando a boca
De dentes que são cloacas.
Nos corpos amontoados
nos barracos de lata e lixo
existem almas e vidas
cercadas de esperanças,
de balas de chumbo e ódio,
de bandidos impiedosos,
de mães que parem seus filhos
em puberdades sofridas,
homens deitados em bares
bebendo insensatez,
crianças rasgadas de vida
nos farrapos da má sorte.
Escolas ameaçadas
Alunos devoradores
Das merendas da caridade.
Nas casas a cesta básica
Mercadoria que compra
A cachaça e a maconha.
Salário isso e aquilo
Projetos, promessas vãs
Formam o caldeirão
Do que melhor alimenta
O político de plantão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário